segunda-feira, 9 de maio de 2016

Diário: vida ao fim



No meu diário infestado de pensamentos
Quem o lesse não veria nada.
Por que nada havia mesmo ali.
Meu dia-a-dia impressionante preenchia as folhas,
Que de espaços vazios desapontavam a curiosidade.
As emoções que me atordoavam ali não se viam,
Não entendiam, não compreendiam.
Por que nada havia mesmo ali.
Querido Diário”, hoje eu conheci um cara,
Tão bonito e gentil, de imediato me apaixonei.
A escola sempre o mesmo tédio,
E em minha mente só se encontrava belos olhos verdes,
Desse cara que eu conheci.
Chegando a casa as brigas continuam a perturba-me.
Tranco-me no quarto aos choros, com uma caneta em mãos;
Escrevo, escrevo, escrevo,
E nada importa o que esteja ali.
Deito-me, pensando em cabelos loiros como o sol,
Desse belo cara que eu conheci.

No meu diário infestado de bobeiras adolescentes,
Quem o lesse não veria graça.
Por que de interessante nada havia ali.
Minha semana mal preenchiam as folhas,
Que de tantos rabiscos irritavam o curioso.
Verdadeiras emoções não eram escritas ali,
Assim ninguém me entenderia, compreenderia.
Por que de verdadeiro nada havia.
Querido Diário”, hoje eu sai com aquele cara,
Encantador e sedutor, e de novo me apaixonei.
A escola eu não frequentei hoje,
Por que em minha mente só restava à lembrança do beijo,
Desse cara que sai.
Chegando a casa as brigas não me perturbam mais.
Tranco-me no quarto aos risos, com uma caneta em mãos;
E penso, penso, penso.
E nada de importante para por em ti.
Deito-me, lembrando a sensação das mãos em meu corpo,
Desse belo cara que sai.

No meu diário agora só restava à capa,
Quem o encontrasse não veria folhas.
Por que de estúpido me fez querer arrancar,
Aquela baboseira gastando folhas brancas.
Que de tão ruim espantava o curioso.
Só porcaria, ilusão e tempo perdido se encontravam ali.
Ninguém entenderia ou compreenderia; ninguém ligaria.
Querida vida”, aquele cara não prestava,
Arrogante e mentiroso aos poucos me surgiram o ódio.
Da escola fui expulsa.
Por que meu tempo escolar foi trocado por um cretino.
Desse cara que infelizmente conheci.
Chegando a casa o silêncio dos que se foram me traz pânico.
Tranco-me no quarto aos prantos, com uma caneta em mãos.
E penso, e choro, e penso, e faço.
Desesperadamente perfurando fortemente a garganta.
Caindo enfim no chão, sentindo o alívio da dor.

Dessa miserável vida que me despedi. 

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