Diário Pessoal: A magia da praia

Você já parou pra pensar o quanto de mágica ronda uma praia?

Já parou para admirar o mar? Para sentir a areia em seus pés? Se encantar com a mistura do azul das águas com o azul do céu?

Sei que nesse Brasil, em especial ao meu mundinho carioca, praia é local de verão, torrar no sol quente e tomar um banho de mar, geralmente geladíssimo nesse tempo quente. Ver o dinheirinho sumir na mão dos ambulantes, com comidas caras e talvez algumas coisas que se encontra vendendo pelo caminho. Ficar parado em um só lugar, sentado em uma canga ou cadeira de praia, embaixo de um guarda-sol ou colocando não só a cara como todo o corpo para se banhar pela quentura solar, ficar bronzeado, ter marquinha de praia, curtir um lugar lotado com pessoas suadas num fim de semana ou feriado de manhã.

Sim, a praia pode ser isso para a maioria. Contudo, é muito mais que isso. É tanto, que não tem o que comparar. Essa combinação de mar, céu e areia tráz um sentimento tão calmo, tão entorpecente, que o silêncio é seu melhor elogio.

Esse último sábado fui à praia; cheguei por lá às cinco da tarde. E com um pouco de esforço, minha mãe me deixou permanecer até às dez na noite.

Estava feliz, pois ia com uma amiga muito especial para mim. Havíamos nos afastado por um tempo, afinal, cada um tem seus problemas e sua vida, focadas em pessoas diferentes. Decidimos que não podemos deixar nossa amizade de lado e devemos restaurar isso. Chamamos alguns colegas para irem com a gente, e caso ninguém topasse seria só eu, ela e as ondas; no final, dois colegas nossos acabaram por ir e foi muito bom.

Praia é meu cantinho preferido do mundo. Talvez não só um cantinho, e sim meu paraíso favorito. Pois é a sensação que tenho quando estou em uma. De dia, a areia clara e mais seca, o mar agitado e o céu azulado com nuvens brancas, o sol brilhando, a imensidão de um local só. Impossível descrever.

E o horário que mais gosto, a tardinha e a noite. Vazio, sereno, místico.

A areia mais geladinha, um pouco úmida nos pés; tocar essa maciez com as mãos, sentir sua textura, ver os grãos caírem se misturando aos trilhões de outros grãos de areia clara. Sentar e admirar as ondas, a água escura, misteriosa, parecendo tocar o céu, dormindo juntos. Sentir o aroma única que só essa mistura de salgado e doce nos proporciona, impossível ser reproduzido em perfume, indescritível.

Simplesmente, a praia nos entende. Não precisamos desabafar, não precisamos explicar e não precisamos perguntar “ei, tem um tempo pra mim hoje?”. Ela está sempre lá para nós, ouvindo nossos problemas mentais, sentindo nossas angústias, sentindo nossas alegrias.

E o mar... Tão imprevisível. Será que a água está quente ou fria? Terei de ir até lá, fazer minha conexão com o desconhecido, mergulhar meus pés sobre as ondas que tentam me alcançar. Parece agitado, parece calmo, são tantas coisas, é tão humano, é tão diferente do ser humano. Só há uma maneira de saber como ele está, vou entrar, deixar o mar me abraçar, deixar as ondas pularem em mim, seja com sua fúria, ou seja com seu carinho. Entrei... Parece que só há eu no mundo. As estrelas me vigiam, estão olhando para mim, não sei se são felizes, porém elas me fazem feliz. Já possuo metade do meu corpo nas águas, vou mergulhar, é esse o momento, vou sair daqui, vou fugir. 1, 2, 3, 4 segundos. Fui para outro mundo, fui para outro mundo! Uma dimensão desconhecida e escura, me faz relaxar, me faz dormir. Meu cabelo molhado, meu rosto com ardor, minha boca salgada. Eu voltei Terra, eu te amo. E você não tem culpa do que fazemos com você, do como somos egoístas, do como te destruímos. Sei que você se rebela, mas tenha calma. Quem sabe um dia a humanidade aprenda a dar a ti seu devido valor. Mas apesar de toda essa injustiça, você ainda encanta a tantos, é amado por muitos, apreciado por bilhões, respeitados por gente como eu, idolatrado, fonte de energia para meu coração triste, minha mente cansada, meu corpo vivo, minha alma morrendo. Sua beleza me dá forças para viver, me dá forças para lutar. Pois eu sei que há muito no mundo para eu ver, há muito para descobrir, há muto para se encantar. E eu não vou desistir.