terça-feira, 30 de agosto de 2016

Não Prenda-me


Se você me pedir pra ficar, eu fico. Mas não peça para eu permanecer. Se me perguntar se é “sim”, direi que com certeza. Mas não pergunte sobre o “para sempre”. Se me perguntar se o sentimento é apenas seu, não hesitarei em mostrar que é único. Só que não me pergunte se não haveria outros, pois quem sabe arrumo novos rolos. Se tiver dúvida se sou sua, pense que meu coração é teu. Porém minha alma é minha, apenas minha. E se quiser construir um futuro comigo, saiba que algumas páginas de nosso livro estarão rasgadas com as aventuras que viverei sem você. 

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Parabéns a família que tanto me critica

Um dia terei partes do meu corpo repleto de tatuagens. Não tatuagens delicadas, meigas e simples; tatuagens grandes, coloridas, cheias da minha personalidade. E irão me representar, como a pessoa que sou. Quando puder, terei meu cabelo colorido de novo, sempre rebelde, volumoso, da forma que eu me sentir bem e bonita. Talvez um dia apareça com uma namorada em casa; e quem sabe ela tenha tanta ausência de “feminilidade” quanto eu. Um dia, se possível num futuro próximo, farei um mochilão; viajarei de bicicleta, acamparei, dormirei na casa de desconhecidos, trabalharei de forma alternativa a medida que meu dinheiro acaba, farei trilhas, me aventurarei, explorarei o que me for direito.

Posso estar com o corpo definido, quem sabe um pouquinho acima do peso como neste momento, ou até mesmo bem magrinha. Usando roupas masculinas ou um vestidinho meigo. Talvez eu aprenda a usar maquiagem; use uma base e tenha as bochechas gordinhas rosadas. Meu batom vermelho é lei, porém mais que isso seria incômodo e é capaz de isso não mudar tão cedo. O cabelo? Quero deixar crescer, contudo, pode me dar a louca e deixar tão curto quanto neste momento. As unhas? Na vida já foram roídas até o sabugo, já foram grandes, existiu uma fase em que eu pintava sempre e agora mal passo uma base e não sei como estarão no futuro. Só que algo é certo... Você nunca estará satisfeita. Eu compreendo que queira “o melhor” para sua filha. Só que não importa seu amor por mim, sempre serei aquilo que você não aceita, alguém do qual você mudaria. E isso me chateia, pois suas palavras me afetam e sinto-me cada vez mais deprimida, cada vez afastando-me mais de você. E eu não quero isso, e sei que não quer também, porém é oque está ocorrendo.

Antidepressivo, um arrependimento. Me engordou tantos kilos e não me deixava “bem”. No máximo melhorou minhas crises, isso é até verdade. Parei com a medicação, pois como não fazia diferença com meu humor e ainda me causou um peso extra. Peso esse que você adora jogar na minha cara, fazer comentários de como estou “gordinha”. Obrigada mãe, é maravilhoso ouvir o quanto eu engordei por reação de um remédio idiota e não exatamente por que deixei de cuidar. Exatos dois meses que parei com os comprimidos, perco meu peso devagar, pois ainda sinto-me fraca fisicamente e emocionalmente para me exercitar de forma pesada; perdi 6 kilos. E não é o suficiente? Não ouço nada como “olha, está perdendo peso” ou “fico feliz que esteja se cuidando”. Só ouço o quanto você ainda acha que estou “gordinha” o que na realidade nem estou, eu apenas era muito magra antes. E você ainda diz que é preocupação com minha saúde; palhaçada, fiz tantos exames, recentes, e eu só ouço que estou completamente saudável, então o problema é me por pra baixo não é? Afinal, não é só da porra do peso que você reclama.


E afasto-me cada vez mais de ti, e isso me dói. Realmente, dói muito não conseguir relaxar perto da própria mãe, da qual sou tão próxima. Uma mãe que eu sei que me ama, entretanto também sei que sei pudesse, eu seria uma menina completamente diferente. E que é provável que os anos passem e sua opinião não mude. Disse que terei minhas tatuagens, e você obviamente terá tristeza. Que não serei feminina da forma que tanto deseja, pois eu não nasci assim; usarei saias e blusas fofas que você adora, como também colocarei um blusão e jeans que você não suporta. Não é você que escolhe! Não sou nem eu que escolhi. Ou pensa que é divertido ouvir julgamentos da própria família, seja pela minha aparência, minha personalidade, meus sonhos e minha sexualidade. Pois nada, NADA, sobre minha pessoa os agrada. Parabéns família, vocês estão fazendo com que eu queira distância, e se antes eu me privava de certas coisas ou prazeres em respeito a vocês, agora é apenas um caminho sem volta, em que pensarei na minha felicidade, e não no conceito de felicidade que tanto querem me empurrar. Parabéns! 

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Mini Conto: Momentos de Podridão


Eu fumava incansavelmente naquela madrugada, meu hálito cheirava a puro álcool. Não conseguia dormir e minhas lágrimas já haviam se esgotado ao decorrer da semana, ao decorrer da minha miserável vida. O que sobrara de mim foi apenas uma jovem adulta com expressões indecifráveis, a necessidade incontrolável de fumar a todo instante sem pausa ou descanso diante de um coração partido em pedaços.
O que eu precisava era de meus momentos só em completa solidão. Contudo essa solidão que me rondava havia virado meu pesadelo mais tenebroso; pois ela não me largava por mais que eu quisesse interagir, não me deixando prosseguir. Em meio a toda essa tristeza minha casa fedia a cigarro, não poderia convidar ninguém descente aquele lugar que espalhados pelo chão, continha inúmeras garrafas vazias de bebida. E depois de dias sem pregar o olho, vivendo a base das minhas drogas e da minha magoa, o cansaço era tanto que eu finalmente adormeci; só que para sempre.
Meu corpo fora encontrado derrapado entre uma cômoda e minha cama, o estado do quarto e toda minha pequena moradia deixava claro o que deu motivos ao meu fim. E talvez agora eu possa ver a luz. Despedindo-me do pesadelo chamado vida.